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"Sem Reis": Milhões protestam contra 'Desfile de Aniversário Estilo Ditador' de Trump s2e3d

Um dia nacional de protestos está marcado para 14 de junho nos EUA. Resistência não violenta pode conter a demonstração de força autoritária de Trump? 5n242j

12 jun 2025 - 11h05
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Uma pessoa carrega uma imagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto manifestantes se reúnem em um protesto em apoio à USAid, próximo ao Capitólio, em 5 de fevereiro de 2025, em Washington, D.C.
Uma pessoa carrega uma imagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto manifestantes se reúnem em um protesto em apoio à USAid, próximo ao Capitólio, em 5 de fevereiro de 2025, em Washington, D.C.
Foto: Win McNamee/Getty Images / Rolling Stone Brasil

Mesmo antes de Donald Trump militarizar sua repressão contra manifestantes pró-imigração em Los Angeles, uma enorme manifestação nacional já estava sendo organizada para sábado. 58424x

Os protestos "No Kings" ("Sem Reis", na tradução livre), marcados para 14 de junho, foram concebidos como um levante pacífico para contrabalançar o desfile militar que o presidente Trump pretende realizar em seu aniversário (que também é o Dia da Bandeira e o 250º aniversário do Exército). Trump está organizando um espetáculo digno de um tirano de república de banana, incluindo uma procissão de tanques, obuses, lançadores móveis de foguetes e outras máquinas de guerra desfilando pelas ruas de Washington, D.C., enquanto aeronaves militares, incluindo helicópteros Apache, sobrevoam a cidade.

Os organizadores do protesto classificaram o dia 14 de junho como um "dia nacional de resistência", durante o qual americanos de todo o país se levantarão para "rejeitar o autoritarismo" e resgatar o patriotismo em nome da democracia. "A bandeira não pertence ao presidente Trump. Ela pertence a nós", declara o site oficial do protesto.

Trump ameaçou os manifestantes que planejam comparecer ao seu desfile militar: "Se qualquer manifestante aparecer, será recebido com força muito grande", disse ele na terça-feira. Antecipando esse tipo de reação, os organizadores decidiram deliberadamente não protestar na rota do desfile de Trump; nem sequer há um evento No Kings planejado para D.C. Em vez disso, a ideia é que manifestantes apareçam "em todos os lugares onde [Trump] não estiver — para dizer sem tronos, sem coroas, sem reis."

A expectativa é de que a adesão aos protestos nacionais supere a dos protestos "Hands Off!" de 5 de abril, que reuniram mais de 3 milhões de pessoas contrárias ao governo Trump, então dominado por Elon Musk, que vinha impondo cortes draconianos nos serviços federais através do chamado Departamento de Eficiência Governamental, ou DOGE.

"Estamos planejando o dia No Kings há meses", diz Ezra Levin, cofundador do movimento progressista Indivisible, que é um dos principais parceiros da coalizão de protestos, com grupos de base como o 50501, organizações de direitos civis como a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis) e vários sindicatos e grupos ambientalistas. Fora alguns eventos centrais — como um grande encontro em Filadélfia — os protestos No Kings são organizados de forma viral e descentralizada, com moradores locais liderando as ações em suas comunidades. Na semana ada, o número de eventos planejados já havia ultraado o total de abril.

Agora que Trump ordenou o envio de tropas às ruas de Los Angeles — para reprimir americanos exercendo seu direito à liberdade de expressão ao protestar contra ações do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE) —, os motivos para protestar se tornaram ainda mais concretos. Com a "flagrante extrapolação de poder" em Los Angeles "inflamando tensões", diz Levin, "de repente os números começaram a disparar".

A situação volátil na área de Los Angeles foi provocada pela ampliação das prisões feitas por agentes do ICE em locais de trabalho, incluindo fábricas de roupas no centro da cidade e uma loja Home Depot. As tensões também aumentaram após relatos de que o ICE estava prendendo pessoas que compareciam a reuniões obrigatórias com autoridades de imigração e trancando-as no porão de um prédio federal.

Falando à Rolling Stone na segunda-feira, Levin mencionou 1.800 eventos No Kings planejados — cerca de 500 a mais do que o total de abril. Esses eventos incluem protestos por todos os EUA — de Nome, no Alasca, até San Juan, em Porto Rico — bem como ações solidárias ao redor do mundo. "Posso garantir que haverá milhões de pessoas nas ruas no dia No Kings", afirma.

O planejamento do protesto começou quando Trump ou a divulgar seu "desfile de aniversário estilo ditador", lembra Levin. "Não queríamos ceder a narrativa a ele; não queríamos deixá-lo se retratar como todo-poderoso." A ideia era mobilizar em massa americanos de todas as origens — em grandes cidades, pequenas comunidades e áreas rurais — como um contrapeso às ambições autoritárias de Trump. (A festa de aniversário de Trump é extremamente impopular; uma nova pesquisa aponta que três em cada quatro americanos se opõem ao desfile militar, incluindo a maioria dos republicanos.)

A escalada federal no sul da Califórnia é combustível para a missão do protesto. "No contexto da escalada em L.A., tudo ganha ainda mais importância", diz Levin. "É preciso haver uma demonstração visível de que os americanos são contra abusos autoritários."

Os organizadores querem reunir manifestantes ideologicamente diversos e geograficamente espalhados. "Tem que estar em todo lugar, para que o contraste com o que Trump está fazendo fique o mais claro possível", afirma Levin, ex-assessor parlamentar. "Esse cara governa para ele mesmo e seus aliados. E o povo americano não vai tolerar isso."

Os protestos em L.A. têm sido inflamáveis, marcados por confrontos entre manifestantes e os notoriamente brutais policiais e xerifes da cidade, além de forças paramilitares do Departamento de Segurança Interna. As autoridades lançaram gás lacrimogêneo e dispararam projéteis "menos letais" contra as multidões, enquanto agitadores foram filmados atirando pedras e entulho contra os agentes.

Levin insiste que o No Kings será uma demonstração de resistência não violenta, acrescentando que o grotesco show de força de Trump — incluindo o envio da Guarda Nacional e de fuzileiros navais a Los Angeles contra a vontade do governador — deve ser enfrentado com mobilização em massa e energia pacífica. "Quando eles reprimem protestos pacíficos, o que você precisa é de protestos pacíficos imensos. Essa é a forma correta de responder ao manual autoritário."

"Precisamos de não violência nas ruas", continua. "A alternativa é dar ao autoritário a desculpa que ele quer para reprimir ainda mais manifestantes pacíficos fora de L.A."

Com os ânimos acirrados, isso impõe uma responsabilidade especial aos organizadores dos protestos — a maioria voluntários autodeclarados. Os organizadores do No Kings estão oferecendo treinamentos nesta semana para coordenadores locais — com ênfase em segurança pública e estratégias de contenção de conflitos. "Precisamos que todos estejam com o estado de espírito correto", diz Levin, explicando que os protestos são uma "estratégia para mostrar exatamente quão fora do normal esse governo é."

Eventos desse porte podem ganhar vida própria. "Algumas pessoas vão participar só porque ouviram dizer que é o lugar legal para estar", diz Levin. "Cabe àqueles mais envolvidos agir como líderes e operar sob o princípio da não violência, porque a alternativa é jogar diretamente nas mãos de Trump."

+++LEIA MAIS: Joan Baez sobre Estados Unidos com Trump: "Parece um tecido rasgado"

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