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Gol de Roy Keane deu a vitória e o título do Intercontinental de 1999, que depois viria a ser reconhecido como Mundial, ao Manchester United contra o Palmeiras  Foto: Peter Robinson/EMPICS via Getty Images

'Frustração', desprezo e quase aposentadoria de ídolo: como Palmeiras viu Mundial 'escapar pelos dedos' em 99 1z1w10

Falha de São Marcos contra o Manchester United acabou em derrota dolorida para o time de Felipão 5e5520

Imagem: Peter Robinson/EMPICS via Getty Images
  • Gabriel Gatto Gabriel Gatto
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11 jun 2025 - 04h59
(atualizado às 10h58)

Frustração. O dicionário define o substantivo como ‘estado ou condição de um indivíduo quando se vê impedido (por si mesmo ou por outra pessoa) de atingir a satisfação de uma necessidade de ordem pulsional’. Para o Palmeiras, frustração é a melhor maneira de definir o sentimento por ter batido na trave duas vezes no sonho de conquistar o título mundial. Em uma delas, inclusive, a taça escapou literalmente ‘pelos dedos’. Agora, clube e torcida querem fazer da frustração o combustível para a disputa da Copa do Mundo de Clubes da Fifa, que começa no próximo sábado, 14, nos Estados Unidos.   2t4a67

Palmeiras e Manchester United durante a final do Mundial em 1999
Palmeiras e Manchester United durante a final do Mundial em 1999
Foto: Matthew Ashton/EMPICS / Getty Images
  • Essa reportagem faz parte do especial Volta ao Mundo em 90 Minutos, que conta histórias envolvendo as experiências de Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Botafogo no Mundial de Clubes 

Para os comandados de Luiz Felipe Scolari e para os 16 milhões de palmeirenses, a frustração de 1999 é também relativa. Afinal, como lembrar com gosto amargo uma temporada que entrou para a história com a primeira conquista da Libertadores da América. A "obsessão", como canta até hoje a torcida, tinha ficado no quase com a Primeira Academia, em 1961 e 1968. 

A fatídica derrota por 1 a 0 para o Manchester United, então campeão da Liga dos Campeões da Europa, no dia 30 de novembro de 1999, teve um ‘quê’ de acasos típicos e convenientes ao futebol. Pelo menos, essa é a avaliação do ex-goleiro Sérgio, reserva naquela decisão. 

Apesar de encarar o adversário como um ‘gigante’ durante a preparação para o confronto, o Paredão, que ergueu 10 títulos com a camisa do Palmeiras, destacou o equilíbrio da partida. Segundo ele, o resultado foi definido no ‘detalhe’.

"O título não veio por conta, realmente, do futebol, porque jogamos bem, fizemos tudo o que tinha para ser feito. Mas o adversário tinha um goleiro que estava inspirado e foi feliz na finalização. Nós não tivemos a oportunidade de ser campeões. Isso acontece em decisões de uma partida só e, às vezes, o melhor não consegue ganhar o jogo" -- ex-goleiro Sérgio

David Beckham (esquerda), Dwight Yorke (centro) e Roy Keane (direita) celebram título da Copa Intercontinental de 1999
David Beckham (esquerda), Dwight Yorke (centro) e Roy Keane (direita) celebram título da Copa Intercontinental de 1999
Foto: Matthew Ashton/EMPICS via Getty Images

O ‘detalhe’ aconteceu aos 35 minutos do primeiro tempo, em uma jogada de velocidade de Ryan Giggs pelo lado esquerdo do ataque do time inglês: o galês alcançou a linha de fundo e cruzou. Marcos, que mais tarde se tornaria pentacampeão com a Seleção Brasileira e viria a ser ‘santificado’ pelos palmeirenses, saiu mal, não conseguiu cortar a jogada e a bola sobrou para o capitão Roy Keane marcar o único gol da partida. 

Ironicamente, o time do Palmeiras --em especial o lateral-esquerdo Júnior-- se preocupava com o lado oposto, área de domínio da jovem estrela David Beckham. O camisa 6 teve "insônia" e "medo de ser o vilão" daquela decisão. Hoje, o assunto é piada na resenha entre os veteranos. 

“O Júnior estava muito pressionado porque, em todas as palestras, o Felipão falava sobre como o Beckham cruzava essa bola. O Juninho ficou apreensivo e, na véspera, não dormiu direito. Ele foi ao quarto do [César] Sampaio, disse que estava nervoso, que o Beckham ia cruzar e a culpa seria dele se o time perdesse. O Sampaiozinho deu uma segurança a ele, que teve uma noite mais tranquila. E, no fim, a bola que deu a nossa desclassificação foi pelo lado contrário e, hoje, virou uma brincadeira”, relembra Sérgio, aos risos. 

E, de fato, David Beckham não viu a ‘cor da bola’ no Estádio Olímpico de Tóquio, no Japão, naquele dia. E quem diz isso é Agnaldo Liz , ex-zagueiro integrante da geração campeã do Palmeiras, mas que na final do Intercontinental de 1999 atuou como integrante da comissão técnica em uma posição que foi anulada pela tecnologia. 

“Fiquei fora do banco porque o Felipão optou pelo Cléber, que foi titular no começo da competição, e eu achei justo. Então fiquei como membro da comissão técnica, com um walkie-talkie na área social da arquibancada, ando para o Felipão e para o Murtosa o que eu estava vendo. Na minha cabeça, comecei a decidir, ali, que seria treinador”, revelou. 

Palmeiras e Manchester United se enfrentaram no Intercontinental de 1999, que mais tarde viria a ser reconhecido pela Fifa como Mundial
Palmeiras e Manchester United se enfrentaram no Intercontinental de 1999, que mais tarde viria a ser reconhecido pela Fifa como Mundial
Foto: Matthew Ashton/EMPICS via Getty Images

‘Laboratório’ de Felipão e ‘treta’ após desprezo y675q

“Lamentamos muito essa derrota porque sabemos que jogamos melhor que o Manchester. Entendemos os pontos em que eles levavam perigo, o Felipão tocou muito nesses pontos e conseguimos neutralizar as jogadas. Acho que eles não estavam tão preparados para o nosso poderio”, avalia Agnaldo. 

Marcos lamentou derrota para o Manchester
Marcos lamentou derrota para o Manchester
Foto: Matthew Ashton/EMPICS / Getty Images

Com a perspectiva sobre o Mundial alinhada à da comissão técnica do Palmeiras, o agora treinador percebeu semelhanças entre o trabalho de Felipão no comando da equipe Alviverde e, três anos depois, o da Seleção Brasileira que viria a conquistar o penta da Copa do Mundo, em 2002.

“Vejo ali que o Felipão foi muito esperto. Analisando melhor, hoje, é possível que ele estivesse analisando uma formação para uma possível Copa. É claro que ele ainda não era o treinador, mas vejo muito daquele Palmeiras de 1999 na Seleção de 2002”, afirmou. 

Para os palestrinos que viram o Manchester United levantar, pela primeira e única vez, o troféu da Copa Intercontinental, restou apenas o sabor amargo. Tanto Sérgio quanto Agnaldo relembram a decepção de Marcos e como o camisa 12 chegou a cogitar desistir do futebol. 

“Marcos estava muito triste depois do ocorrido, disse até que ia parar de jogar. Estávamos eu [Sérgio], César Sampaio, Cléber e o Marcão no vestiário, acalmamos ele e dissemos que ele tinha totais condições de continuar jogando. E o que aconteceu depois todo mundo sabe, pudemos ver ele crescendo e se tornando campeão com o Brasil.”

Agnaldo Liz, ex-zagueiro do Palmeiras
Agnaldo Liz, ex-zagueiro do Palmeiras
Foto: Reprodução/Instagram

Em meio à decepção generalizada, Agnaldo contou que ainda teve que lidar com o ‘desprezo’ dos jogadores do clube inglês e que chegou a se envolver em uma briga com a equipe do Manchester United, já dentro dos túneis do Estádio Olímpico de Tóquio. 

“Fiquei muito chateado quando voltamos para receber as medalhas e os caras do Manchester simplesmente pegaram o troféu, botaram debaixo do braço e saíram como se tivessem vencido um jogo qualquer. Ainda cheguei a pedir para trocar camisas e eles me olharam de cima a baixo. Ali eu não aguentei e pulei para briga.”

“Os policiais não entenderam nada e, quando vi, tinha um monte deles em volta. Mas eu não me controlei. A gente vê, na fisionomia do cara, quando ele está desdenhando. E foi o que aconteceu. Não lembro quem era, era um dos reservas, mas fiquei indignado. Aí, chegou a comissão deles, a turma do ‘deixa disso’, e separaram”, relembra, aos risos. 

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Dada a quantidade de clubes, 32 ao todo, e a presença de gigantes europeus como Real Madrid, Bayern de Munique e Paris Saint-Germain, atuais vencedores da Liga dos Campeões, os veteranos são reticentes ao prever as possibilidades do Palmeiras --e por que não das outras equipes brasileiras?-- na Copa de Mundo de Clubes da Fifa. 

Por outro lado, o Palmeiras pode ter a seu favor o desgastes dos jogadores com o fim da temporada do calendário europeu, que se encerra ainda no primeiro semestre do ano.  

Sérgio, ex-goleiro do Palmeiras
Sérgio, ex-goleiro do Palmeiras
Foto: Reprodução/Instagram/@sergiolgoleiro

"Tem condições de fazer um bom trabalho. São equipes que dá para enfrentar de igual para igual. Vejo o Palmeiras chegando nas oitavas, aí as coisas podem complicar, mas espero que possa chegar até a final. Não é fácil, mas tem time para isso", considera Sérgio, que exalta os atuais goleiros do Verdão: "O Weverton vem fazendo um bom trabalho e o [Marcelo] Lomba dá segurança para ele. O Palmeiras sempre foi formador de grandes goleiros e esse é o momento ideal para colocar a experiência em prática."

Agnaldo destaca a pressão por desempenho que se dá não só sobre o Palmeiras, mas também sobre Flamengo, Fluminense e Botafogo, especialmente por parte da imprensa e dos torcedores. "Todo mundo quer que chegue lá e ganhe, mas é dentro da competição em que os times encontram o equilíbrio para enfrentar os maiores e favoritos. Se você achar que vai entrar no grupo e já vai atropelar todo mundo, a pressão vai ser grande, vai ser jogo duro."

"A questão de grupo, agora, vai ser importantíssima, porque muitos vão querer se mostrar. É lógico que é uma vitrine para que possa ir para outro time, buscar uma outra condição, mas se levar por esse lado, jogar individual e querer aparecer, o time todo vai sucumbir. É preciso mostrar que é um time consolidado, coletivo mesmo. Desportivamente, é mostrar para a Europa que a gente também é capaz, que a gente está jogando um futebol legal, e quem sabe isso possa até refletir na nossa Seleção", finaliza. 

No Grupo A da competição, o Palmeiras estreia em 15 de junho, às 19h (horário de Brasília), contra o Porto, de Portugal, no MetLife Stadium, em Nova Jérsei. Ainda na primeira fase, os comandados por Abel Ferreira enfrentam o Al-Ahly, do Egito, e o Inter Miami, dos Estados Unidos. 

Fonte: Redação Terra
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