'Embate amarrado' e 'jogo do contente': Colunistas do Estadão analisam interrogatório de Bolsonaro 145v3l
Ex-presidente foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes na ação penal sobre tentativa de golpe de Estado 636h22
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi interrogado nesta terça-feira, 10, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal sobre tentativa de golpe de Estado. A interação foi marcada por um tom cordial entre os dois, inclusive com pedidos de desculpa do ex-chefe do Executivo aos ministros da Corte. 2s4y4t
A estratégia de Bolsonaro e os possíveis desdobramentos do interrogatório são analisados pelos colunistas do Estadão, que destacam como julgamento pode interferir no debate público e nas eleições de 2026.
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Vera Rosa: Bolsonaro baixa tom diante de Moraes para diminuir pena e usa estratégia do 'jogo do contente' t5n3i
Um outro Jair Bolsonaro apareceu diante do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre a trama golpista, analisa a colunista Vera Rosa. Sem o estilo explosivo que lhe é peculiar, o ex-presidente baixou o tom e usou a estratégia do "jogo do contente" ao dar outra versão para o que ocorreu no Brasil após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.
Em vários momentos, o ex-presidente descreveu um cenário no qual figurava como vítima, itiu que exagerou na retórica e se apresentou como um homem de fé, temente a Deus, diante de um ministro do STF que não esboçava reação.
Ricardo Corrêa: Bolsonaro oferece caminho que confirma delação de Cid e denúncia e se aproxima da condenação 4c3d6a
O colunista Ricardo Corrêa destaca que, na única oportunidade de se defender, Bolsonaro esforçou-se para dar às suas ações um ar de normalidade que sempre indicou nos discursos com ataques às urnas e ao Judiciário e na contestação ao resultado das eleições. Mas ele não fez apenas isso.
Em suas respostas, ao escolher focar em uma opinião de que tudo aquilo não se tratava de delito algum, o que não lhe cabe, acabou por oferecer um caminho que confirma exatamente os pontos principais da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, e da denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Fabiano Lana: No embate entre Bolsonaro e Moraes, esperava-se pugilismo, mas eles fizeram uma dança 376g54
O colunista Fabiano Lana destaca que Jair Bolsonaro respeitou o seu algoz, a quem sempre agrediu verbalmente. Tentou se apresentar como alguém que exagera na retórica, nos modos, mas que jamais conspiraria contra o Estado. Já Moraes quis evitar a fama de algoz que o acompanha, e se apresentou como alguém até mesmo gentil com o acusado.
Lana analisa que o confronto amarrado taticamente talvez não mude nada no resultado. Mas mostra que Bolsonaro segue como político que busca encantar quando precisa (e muitos o veneram); e Moraes foi rápido ao dar vazão controlada a esse personagem - reprimi-lo seria pior para o julgamento final.
Sergio Denicoli: Postura de Bolsonaro reacende julgamento do golpe, mas é a economia que domina as redes 385p71
Jair Bolsonaro pediu desculpas a Moraes e, em tom de brincadeira, sugeriu que chamaria o ministro para ser seu vice em uma eventual eleição. Os gestos surpreenderam e o julgamento voltou a ocupar espaço no ambiente digital, saltando para 23,6% das menções políticas, como mostra o colunista Sergio Denicoli.
Para ele, a repercussão do interrogatório mostra que Jair Bolsonaro mantém a capacidade de gerar ruído, mas não garante fôlego, porque está preso no mesmo o. ado o barulho do dia, o debate público voltará a gravitar em torno daquilo que realmente pressiona as famílias, que é a economia. As redes deixam claro que o interesse coletivo está amplamente focado na sobrevivência cotidiana baseada no custo de vida.
Silvio Cascione: Força de Lula definirá candidato de Bolsonaro em 2026 724144
O interrogatório de Bolsonaro no STF reaqueceu especulações sobre sua provável condenação e prisão antes da eleição de 2026, analisa o colunista Silvio Cascione. O avanço célere do processo, com possibilidade de uma sentença já no segundo semestre, reforçou entre parlamentares a ideia de que o ex-presidente será forçado a sair de cena, abrindo espaço para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, assumir a candidatura da direita.
Esse cenário é verossímil, mas incompleto. O futuro político de Bolsonaro, mesmo em caso de prisão, continuará a depender de sua própria vontade - e essa vontade, por sua vez, está condicionada à força de Lula.
