Garis participam da Bienal do Livro do Rio; um já palestrou em Harvard 4r6l70
O escritor e duas escritoras trabalham na empresa de limpeza urbana da capital fluminense. Farão lançamentos e debaterão literatura 4445l
A Bienal do Livro do Rio de Janeiro, realizada no Riocentro, terá a presença de funcionários da limpeza da capital fluminense. São autores de um livro infantil e dois de poesia. Vão mostrar suas obras e participar debate literário, uma assunto cada vez dominado pelas periferias.
O gari Valdeci de Souza Boareto, 56 anos, que deu palestra na Universidade Harvard, lança sua segunda obra na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em 20 de junho. Duas colegas de trabalho também, e os três participam de uma roda de conversa sobre literarura. São garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). 423c1i
Valdeci, gari há 25 anos, lança o livro infantil Garizinho Tódi e o Planeta – o nome do personagem vem de um achocolatado, e era o apelido preconceituoso que o escritor ava na infância. “Eu ia para a escola para me alimentar. ei fome, às vezes minha mãe falava filho vai dormir porque o sono alimenta.”
Ele estreou na Bienal do Livro do Rio de Janeiro com Comportamento que te Salva. Escreveu o livro após vender a casa em Acari, onde morou por 50 anos, obrigado pela pandemia. Mudou para a Lagoinha. “Na depressão, eu encontrei na literatura uma maneira de descarrregar.”
No ano ado, Valdeci deu palestra na Universidade Harvard, no evento Brazil Conference at Harvard & MIT, nos Estados Unidos. Suas “amigas de trabalho”, como diria Silvio Santos, também vem colhendo frutos do reconhecimento.
Gracinha recebeu prêmio na Academia Brasileira de Letras 204o32
Maria da Graça Pimenta Ribeiro ia se chamar Patrícia. Mas a mãe fez promessa para Santa Maria das Graças, e mudou o nome da filha, que nasceu prematura. O médico disse que ela não aprenderia a ler, nem escrever. Mas a intervenção de uma professora – dessas pessoas iluminadas que aparecem no nosso caminho – orientou a mãe analfabeta e ajudou a filha a se alfabetizar.
“Aprendi as coisas na porrada mesmo. E, graças a Deus, olha onde eu vim parar, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Cara, é inexplicável. Meu livro tem as poesias escritas por mim durante todo esses percurso da minha vida”, conta a escritora de 51 anos. O nome do livro é Respeita Minha História.
Gracinha, apelido carinhoso, vive em Pedra de Guaratiba desde os dois anos de idade. Na Comlurb há 22, é gari de uma escola na zona oeste, onde foi convidada para o concurso de poesia da Secretaria Municipal de Educação (SME). Teve o poema selecionado e incluído em livro. Recebeu o prêmio na Academia Brasileira de Letras.
Bruna tem dezenas de motivos para estar na Bienal da Livro 5p486q
De Cidade de Deus, Bruna Gomes foi criada pela mãe. É a mais velha de oito irmãos. Estudou em escolas públicas, era excelente no esporte, mas se encontrou na literatura. Gari há 18 anos, trabalha na limpeza do Hospital Lorenço Jorge e faz Letras na UniRio.
Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro vai falar sobre sobre Amor Poético, coletânea de escritoras da qual participa. Bruna lista fácil dez significados de literatura: crescimento pessoal, desenvolvimento, conexão com pessoas, riqueza, intelectualidade, mudança de vida, democracia, transformação de pensamento, de vida, elevação do ser humano.
“Palestar na Bienal do Livro é uma virada de chave na minha vida. É uma imersão no saber, é uma honra, um orgulho pra minha mãe, pra minha família, pros meus filhos. É um soho e uma conquista”, lista novamente Bruna.
Serviço: 11314p
Garis e escritores da Comlurb participarão da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Os três se apresentam no dia 20/06, sexta-feira, das 14h às 15h, no estande da Secretaria Municipal de Educação, no Pavilhão 2.